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Lenz é uma proposta de teatro para um actor e um pintor. É um espectáculo que cruza estas duas formas no pressuposto que tanto existe narrativa no que é representado como no que é desenhado. O ponto de partida é o texto da novela de Georg Buchner "Lenz", tradução de Nuno Júdice para o programa da peça Woyzeck do Teatro da Cornucópia, e uma tela em branco.

Lenz constrói-se nesse encontro, nessa relação entre a imagética e o discurso.
Mais do que de um solo acompanhado, trata-se na realidade de um dueto. Tentamos assim reconstruir o mesmo percurso de Lenz: a personagem principal que parte para uma viagem solitária acompanhado apenas por imagens de uma aspereza gélida e uma natureza imensa. Ele tenta sobreviver a si próprio e ao mundo, sendo que poucos o conseguem acompanhar neste percurso; apenas Oberlin, seu amigo fiel parece ainda conseguir aceder a ele. Pouco a pouco afasta-se do mundo e deixa de encontrar prazer nas coisas e nas pessoas.

O texto trata da viagem trágica desse homem e da sua caminhada progressiva para loucura. Das suas qualidades como pessoa e artista e das razões que o fazem gorar um futuro que se adivinharia brilhante. Com a solidão como pano de fundo e grande catalisador, o texto deambula entre o “contar” da história e a acção, variando os pontos de vista. O narrador existe e é a personagem. Umas vezes está de fora como camera de cinema invisível, outras visível. Umas vezes relata os acontecimentos, outras o pensamento.

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